Serra do Japi protege espécies raras e ameaçadas da Mata Atlântica
Floresta tropical abrange ecossistema rico e diverso. Reportagem faz homenagem ao Dia Nacional da Mata Atlântica.
27/05/2016
Bem nítida no mapa da Mata Atlântica, a Serra do Japi, uma rara floresta tropical sobre uma formação geológica de quartzito, é uma das últimas áreas de floresta contínua do estado de São Paulo.
Dos 354 km2 deste relicário natural, localizado ao longo do eixo urbano de São Paulo, Jundiaí e Campinas, pouco menos de 21 km2 são protegidos como Reserva Biológica Municipal.
No Brasil há 26 espécies de mamíferos carnívoros, dos quais 15 ocorrem na Mata Atlântica e 11 no Japi. Da rica fauna da serra, pesquisadores registraram, a partir de pegadas, a presença da onça-pintada. Além do maior felino das Américas, há indícios de outros habitantes importantes na mata: gato-mourisco, jaguatirica, gato-maracajá, gato-do-mato-pequeno, quati, mão-pelada, cachorro-do-mato, irara e furão. Vários destes animais e muitas outras espécies, vale dizer, foram “capturados” por armadilhas fotográficas instaladas nas trilhas.
Permanente ou temporariamente, a mata oferece refúgio tanto para aves que não se mostram tão facilmente quanto para outras que se dão a procurar pelo canto e pelo movimento na vegetação. São corujas, bem-te-vis, arapongas, corruíras, joão-de-barro, sabiás, jacupembas…
A riqueza hídrica é reconhecida como um dos aspectos relevantes no processo de tombamento pelo Condephaat em 1983, que avaliou o Japi como “um mosaico de ecossistemas representativos de fauna e flora, capaz de funcionar como espaço serrano regulador para a manutenção da qualidade de vida”.
No frágil solo, que não oferece muitas oportunidades para a recomposição da mata nativa, ocorre uma infinidade de espécies, com destaque para aroeiras, jacarandás, angicos, manacá-da-serra, goiabeira, pitangueira, jerivá, cedro e candeais respeitáveis.
Algumas são raras ou em extinção no Brasil e no estado de São Paulo, como o carvalho-brasileiro(Roupala brasiliensis), a erva-de-anta (Citronela megaphyla) e a cabreúva (Myrocarpus frondosus).
Também as licófitas, grupo praticamente extinto na flora brasileira, está preservo em quatro espécies no Japi. As orquídeas, por sua vez, oferecem um espetáculo, com 125 espécies em cena.
Percorrendo a mata é possivel assistir a uma demonstração de beleza: borboletas-de-vidro(Pseudoscada erruca) fazem evoluções com suas asas transparentes. Além desta, há outras 900 espécies de borboletas na área. As mariposas chegam a 5 mil.
Outro “universo” de dimensões diminutas a atrair pesquisadores de várias partes do Planeta ao Japi é o das aranhas. Na mata, eles estudam sua organização social completa.
Durante uma década, a trilhas do Japi receberam cerca de 50 mil visitantes. Hoje em dia, o acesso – com autorização prévia – é permitido prioritariamente a pesquisadores.
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